Foto:
https://www.metropoles.com
CLARA NOGUEIRA MARINHO
( BRASIL - DISTRITO FEDERAL )
O início da quarentena foi um “banho de água fria” para muita gente, em especial para a estudante de letras Clara Marinho, 21 anos. Ela estava ansiosa pelo retorno das aulas na Universidade de Brasília (UnB), após as férias de fim de ano, quando a pandemia interrompeu seus planos. Para fugir do tédio, rendeu-se, assim como tantos jovens, ao TikTok. Foi a partir desse gesto despretensioso que sua vida mudou completamente, “de um dia para o outro”.
Como tem paralisia cerebral desde o nascimento, deficiência que limita parte dos seus movimentos, incluindo a fala, Clara começou a usar a rede social para dublar vídeos divertidos. A ideia era se distrair “diante de tantas notícias ruins”, relembra. A forma diferente com que se expressa, por causa da deficiência, chamou atenção dos usuários, a maioria crianças e adolescentes.
“Me perguntavam por que eu andava e mexia a boca de um jeito diferente, algumas até me chamavam de doente. Como eu não queria magoar ninguém e, ao mesmo tempo, queria explicar da maneira mais simples possível sobre a minha deficiência, procurei ser o mais didática que pude”, conta a estudante.
Clara Nogueira Marinho, estudante de Letras da UnB, escritora e pessoa com deficiência.
Apesar de ser uma condição comum — de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a paralisia cerebral afeta dois de cada mil bebês; e 15 de cada 100 bebês prematuros —, Clara constatou que havia muito desconhecimento sobre o assunto. “Por isso, não tenho raiva. Tem muita gente que sequer ouviu falar a respeito”, destaca.
|
CORAÇÕES LIBERTÁRIOS. Vallisney de Souza Oiveira (org.) Brasília, DF: Tagore Editora, 2019. 82 p. ISBN 978085-5325-083-7 HABEAR LIBER – Projeto de Extensão da Universidade de Brasília (Faculdade de Direito). Ex. bibl. de Antonio Miranda
Letras / UnB
( 3º. Lugar / III Concurso )
O OCEANO DO MUNDO CONCRETO
nada sei dizer sobre os grandes egos
De grandes feitos meu corpo tem vão
Não me atrevo a contar do que sou cego
Nossa sombra feita clara ilusão
Nunca entendi, mas sempre me calaram
Minha são poesia não diz de amor
Deste, todas as bocas já falaram
Crucifixo de corações, torpor
E do oceano que sobrevivi
Tão real que me dói imaginar
Mundo, fel de ódio num doce servir
Tua boca fala do vazio, teu ser
E meu oceano se deixa afogar
Na palavra que luta com o morrer
*
VEJA e LEIA outros poetas do DISTRITO FEDERAL em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/distrito_federal.html
Página publicada em julho de 2023
|